quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Artes Plásticas: Acampamento de Ciganos

Acampamento de Ciganos

Autoria de Maria Augusta Cortes, aposentada, natural de Ourique-Gare, Castro Verde
Participa regularmente em exposições na Galeria Verney, em Oeiras. Lindo trabalho!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Prece Cigana


Deus, Criador nosso,
Cuida de mim e dos meus irmãos,
Filhos da Liberdade que somos,
Ilumina nossas almas, nossos velhos e crianças,
Nossa família e nosso acampamento.
Abençoa Senhor, as árvores, os rios e os lagos e,
Tudo o que é verde e tem raiz, e tudo o que voa, fortaleça suas asas,
Que haja paz em todas as criaturas das matas.
Que a cachoeira derrame sempre, continuamente,
A água que mata a sede,
Da terra não falte o sustento.
E da árvore não falte a sombra.
Onde quer que passemos, nossa alegria impere,
Curando os tristes.
Que a dança, o colorido das roupas, e o canto dos filhos do vento.
Transformem em alegria, os corações amargurados,
Criando sonhos felizes, nas mentes sem esperanças.
Que possamos ser a luz que ilumina,
Todas as horas do dia.
Em cada estrada percorrida, sejamos como o irmão sol,
Que em sua tranquilidade, envia o brilho a cada ser vivente,
E assim também, pelas noites, com a luz de nossas irmãs, as estrelas.
Que recebamos sempre a proteção de nossa grande mãe Lua,
Que fortalece nossos mágicos desejos de amor, harmonia e prosperidade.
Deus, sinto suas bençãos que chegam no soprar do vento.
E nesse momento, eu estou contigo e tu estás em mim.
Que nossa caravana leve a alegria, por todas as terras.
E que o Espírito cigano de liberdade, respeito e amor,
Seja a luz refletida, que irá transmigrar, para sempre.
Por todas as vidas, e entre todos os povos.
Assim seja e assim se faça!

(Arlete Santos)

Prece publicada no site Recanto das Letras, cedida gentilmente pela autora Arlete Santos, uma inspiração que só faz bem aos nossos corações.
Para conhecer outros textos da Arlete, clique aqui.
Arlete, muito obrigada pelo carinho, que a Egrégora Cigana te ilumine sempre!

domingo, 3 de outubro de 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Vídeo: Dança Cigana com Saphyra

Para assistir e se inspirar! Saphyra com a dança cigana, linda de viver! Mais uma das mais lindas interpretações da dança cigana. Uma dança bem marcada com uma leveza envolvente e nítida expressão vinda da alma. Já tive a oportunidade de participar de um dos seus workshops, foi um dia inteiro de muita dança e energia, eu recomendo! Ela é professora de dança cigana, do ventre, havaiana, indiana e outras. Para conhecer mais sobre a Saphyra, clique aqui.

Bom final de semana!!!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Família para os Ciganos


Para os Ciganos a família é um elo segrado que não pode se romper em hipotese nenhuma, é a base de tudo.
Desde cedo o povo cigano aprende a conviver em grupo, sempre se direcionando para a a formação familiar, ciganos "precisam" de filhos não só para dar continuidade a família, mas porque são peças importantes no decorrer do tempo e somente assim a família cigana se sente respeitada e abençoada.
Uma família sem filhos em um grupo cigano é como um flor sem perfume, como a Lua encoberta pelas nuvens, daí se explica tantos encantamentos ciganos para a mulher engravidar, pois uma cigana faz todas as magias e toma todas as beberagens que forem indicadas pelas ciganas mais velhas, somente para poder oferecer um bebê a seu marido.
A formação começa com um casamento, uma festa celebrada com muita comemoração, com muita fartura e alegria, podemos dizer que é possível um cigano casar com uma não cigana, se está se adequar a cultura cigana, já uma cigana dificilmente casará com um não cigano e permanecerá frequentando o mesmo grupo.
Os casamentos normalmente acontecem por acordo de famílias, antigamente o mais importante é que a cigana tivesse dotes a oferecer, hoje em dia, em muitos grupos ciganos, tal exigencia já caiu em desuso e nem mesmo os pais exigem escolher, as ciganas já possuem um pouco mais de autonomia do que outrora.
Assim que os filhos passam a ter mais discernimentos, próximo dos 7 ou 8 anos, já acompanham o pai em suas atividades, filhos de cigano normalmente dão continuidade as atividades de seus pais, não iniciam novas, as filhas ciganas depois dos 7 anos também já são inicadas na leitura dos oraculos ciganos e já ajudam as mães nas atividades domésticas.
Para os ciganos o grupo todo é considerado uma família, mas os laços de sangue servem para deixar mais claro os direitos e os deveres para com os pais ciganos.
Uma família cigana não se separa a não ser em casos de morte ou grande erro de uma das partes, caso contrário, como por exemplo, em casos de "incompatibilidade de gênios" por casais que se casaram sem se conhecer pessoalmente ou sem grande convívio, o casamento ainda assim deve ser mantido.
O grupo ajuda o casal da forma que puder, as ciganas em especial através de magias para a harmonização do casal e os homens através de conversas e conselhos provindos de ciganos mais velhos, pois a preservação da família é fundamental em grupo cigano.
(www.mundomystiko.blog.terra.com.br)

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Cigana das Sete Saias


Eu sou a cigana das setes saias , muito prazer ...
Eu ilumino o seu belo alvorecer !
Eu sou a cigana das sete saias ,
Que liberta todas as lacaias !

Eu bebo todas as cores do universo ...
Transformando a música em verso !
As minhas saias escondem segredos ,
Que não são brinquedos !

Eu sou a cigana das sete saias ,
Que liberta todas as lacaias !
A primeira saia é branca ,
Pura , meiga e franca !

Ela é toda feita de renda ...
Que ilumina a minha senda !
A segunda saia é cor – de – rosa ...
Perfumada e formosa !

Esta saia bonita ...
É feita de chita !
A terceira saia é azul – turquesa ...
Cheia de magia e beleza !

Ela é da mais pura seda javanesa ...
Com toda a certeza !
A quarta saia é verde cor da floresta ...
Ela significa a natureza em festa !

Ela é feita de filó ...
E nunca me deixa só !
A quinta saia é alaranjada ...
E tem um brilho de apaixonada ...

Ela é feita de brim ...
E me faz sorrir assim !
A sexta saia é da cor carmim ...
Feita do mais puro cetim !

A sétima saia é de um preto bem escuro ...
Um tanto sério e um tanto duro !
É nela que a noite vem se esconder ...
Antes do belo amanhecer !

Eu sou a cigana das sete saias ,
Que liberta todas as lacaias .

(Luciana do Rocio Mallon)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Sexualidade Cigana

Um dos povos mais sensuais e esteriotipados como grandes sedutores, é o povo cigano, os gitanos sempre envolventes em sua forma de tratar uma mulher, sorridentes, dançantes, as ciganas sempre muito sorridentes , alegres e vistosas atraem olhares por onde passam.
Contudo, mesmo que o povo cigano seja o maior defensor da liberdade em todos os aspectos, muito se engana quem pensa que por serem um povo sedutor não possuem regras quanto a questão sexual e que tudo é permitido.
Para os ciganos o sexo é a concretização de um ato de amor, a chance da formação familiar e por isso é muito respeitado, não sendo nunca tratado de forma leviana, as ciganas, inclusive, precisavam casar virgem, mas depois de casados, o casal cigano podia curtir sua sexualidade de forma integral.
Ainda é muito discutido se a questão das ciganas não poderem usar saias curtas tem a ver com a tendência das vestimentas de épocas mais remotas que reprimiam qualquer sensualidade maior ou se é porque alguns grupos ciganos que migraram do Oriente Médio também acreditavam que da cintura para baixo as ciganas eram "impuras" por causa da menstruação e não era positivo desejar o que é impuro.
A sedução, a beleza do povo cigano podem ser muito tentadores, porque são naturais, intrínsecos e não forçado, mas nunca será direcionado ao sexo vil e a imoralidade.
(Fonte:www.mundomystiko.blog.terra.com.br)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Mensagem de uma Cigana

"Durante toda a caminhada, mantivemo-nos vigilantes de nossos filhos. Dentre ao que nos é permitido: zelamos, defendemos, acolhemos, aconselhamos, ralhamos, acarinhamos e ensinamos.
Alguns acompanharam nossas caravanas, por prados, florestas, montanhas, lamaçais, durante a ventania, o sol escaldante dos desertos, a chuva e o bom tempo. Outros se cansaram, sentaram-se à beira do caminho até o último de nós passar, e retomaram a áspera caminhada a nos seguir. Ainda outros, se distanciaram de nós por algum tempo e ainda assim conseguiram nos alcançar. A estrada da vida é árdua, as pedras do caminho machucam os pés e o turbilhão de emoções maculam o coração e às vezes, deixam cicatrizes profundas na alma.
Mas por favor, filhos não percam a fé, nem desistam da caminhada.
Quem compartilha de nossa energia é forte como as rochas, ardente como o fogo, suave como a brisa e transparente como a água. Sejam livres como os pássaros que voam, mesmo que em seus pensamentos! Tenham a beleza e a sutileza da flor que desabrocha e perfuma.
Não desistam do caminho a ser trilhado, para que nunca se afastem de nossa caravana.
O tempo não existe e amanhã, os pandeiros chocalharão, fitas coloridas se agitarão e então, veremos a dança da vida e se fará festa. E nós, aqui estaremos de braços abertos para recebê-los em espirais de amor! Que Diel olhe por todos nós!"

(por Kamai- morada dos deuses)

sábado, 25 de setembro de 2010

Primavera

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

(Fonte: Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366)