É dezembro! Um mês mágico, de festas, confraternizações e principalmente de reflexões.
E para começar dezembro, vamos conhecer um pouco do Natal dentro da comunidade Cigana.
É considerada uma das festas mais importantes, cujas comemorações, se assemelham aos casamentos, e podem chegar a prolongar-se entre 3 a 5 dias.
No Natal, os ciganos "põem a mesa" no chão, sobre uma toalha branca, como manda a sua tradição.
A celebração se apresenta em etapas:
Dia 23 - Dia dos pestins
Neste dia as mulheres preparam as massas com que farão os pestins, os homens esmurraçam a massa para ficar bem amassada. É de salientar que a preparação do pestins é feita por mulher casada com a ajuda dos filhos e do marido.
Dia 24 - Consoada e Dia do Cigano
Dia da consoada, véspera de Natal e também considerado dia do cigano. É um dia mais restrito na tradição cigana, neste dia não se olha com bons olhos quando chegada a noite e algum elemento da família já não está em casa, mas antes na rua ou a caminho. Outra proibição refere-se aos indivíduos de etnia não-cigana que em circunstancia alguma (salvo casamentos) podem se deter na porta onde é feita a comemoração, quanto mais entrar. Também evitam-se os tratos com não-ciganos. Este dia, o do cigano, deve ser dedicado aos ciganos suas atividades.
Nesta noite estende-se um lençol no chão e sobre este é montada a mesa: travessas de feijão do natal ( receita diferente da sopa "tradicional" que se faz ao longo do ano), bacalhau e os pestins. Não se serve carne. É à mesa que se faz então a bênção pela reunião e pela refeição e se fazem os votos para o novo ano. Há também a competição dos comeres: quem fez o melhor feijão? E os melhores Pestins?
Canta-se as musicas do natal, cada família com a sua tradição e continua-se a festejar e a conviver até ao final da noite.
Dia 25 - Dia da cabidela, Dia de Natal
Neste dia acaba-se o jejum de carnes e serve-se a cabidela (embora numa receita algo variada em relação à comum). Chegar vivo a este dia é uma bênção e uma premonição muito positiva, principalmente se houver alguma criança no seio familiar (felizmente há sempre).
A mesa farta é um dos requisitos da época, pelo que a confecção dos diferentes pratos aprisionam as mulheres durante horas na cozinha.
No dia de Natal, as mesas enchem-se com cabrito assado e batata assada, carne guizada com batata cozida, grão cozido com massa, saladas de fruta e pudins.
Iguarias destinadas não só aos convidados, como também a todos os que quiserem participar. É costume os ciganos andarem de casa em casa, um bocado em cada mesa, a pedirem a benção ao cigano mais velho.
Dia 26 - Ra(s)pa
Finalmente o dia do Raspa, não se faz comer, apenas acaba-se com os que restou do dia anterior, raspa-se o tacho. Desta forma lembra-se a privações e a necessidade. Também é o que simboliza mais a atitude do cigano de não desperdiçar negligentemente. A vida dura obriga-nos a isso. O luxo e o conforto devem vir depois do trabalho árduo e do alimento. Isto porque para os ciganos primeiro vem a barriga e só depois os gostos.
Complementando o post, com a colaboração de "Giteles", esta tradição é tipica dos calons, (em breve falarei com mais detalhes sobre isso), isto é, os ciganos portugueses e espanhóis essencialmente, embora haja calons em outras partes da terra.
Giteles, obrigada pela colaboração.
Em todos os dias canta-se e dança-se como forma de comemorar as bênçãos recebidas nesse ano, é assim como uma recepção ao embaixador do novo ano.
Tratando-se de um povo tão alegre, a música e a dança são coisas que nunca podem faltar nestes festejos.
O Natal Cigano é vivido de forma intensa. Uma festividade dedicada à família e a Deus.